Quinta-feira, 28 de Junho de 2007
Sei que na minha caminhada tem um destino e uma direção,
por isso devo medir meus passos, prestar atenção no que faço
e no que fazem os que por mim também passam ou pelos quais passo eu...
Que eu não me iluda com o ânimo
e o vigor dos primeiros trechos, porque
chegará o dia em que os pés não terão tanta força
e se ferirão no caminho e se cansarão mais cedo...
Todavia, quando o cansaço houver,
que eu não me desespere e acredite que ainda terei forças para continuar,
principalmente quando houver quem me auxilie...
É oportuno que, em meus sorrisos,
eu me lembre de que existem os que choram, que, assim,
meu riso não ofenda a mágoa dos que sofrem:
por outro lado, quando chegar a minha vez de chorar,
que eu não me deixe dominar pela desesperança,
mas que eu entenda o sentido do sofrimento,
que me nivela, que me iguala, que torna todos os homens iguais...
Quando eu tiver tudo, farnel e coragem, água no cantil,
e ânimo no coração, bota nos pés e chapéu na cabeça,
e, assim, não temer o vento e o frio, a chuva e o tempo.
Que eu não me considere melhor do que aqueles que ficarão atrás,
porque pode vir o dia em que nada terei
mais para minha jornada e aqueles,
que ultrapassei na caminhada, me alcançarão
e também poderão fazer como eu fiz e nada de fato fazer por mim,
que ficarei no caminho sem concluí-lo...
Quando o dia brilhar, que eu tenha vontade de ver a noite
em que a caminhda será mais fácil e mais amena; quando for noite,
porém e a escuridão tornar mais difícil a chegada,
que eu saiba esperar o dia como aurora, o calor como bênção...
Que eu perceba que a caminhada sozinho pode ser mais rápida,
mas muito mais vazia...Quando eu tiver sede,
que encontre a fonte no caminho,
quando eu me perder, que ache a indicação, a seta, a direção...
Que eu não siga os que desviam,
mas que ninguém se desvie seguindo os meus passos...
Que a pressa em chegar não me afaste da alegria de ver as flores simples
que estão a beira da estrada,
que eu não pertube a caminhada de ninguém,
que eu entenda que seguir faz bem, mas que, às vezes,
é preciso ter-se a bravura de voltar atrás
e recomeçar e tomar outra direção...
Que eu não caminhe sem rumo,
que eu não me perca nas encruzilhadas,
mas que eu não tema os que assaltam-me, os que embuçam,
mas que eu vá onde devo ir e,
se eu cair no meio do caminho,
que fique a lembrança de minha queda para impedir
que outros caiam no mesmo abismo...
Que eu chegue, sim, mas, ainda mais importante,
que eu faça chegar quem me perguntar,
quem me pedir conselho,
e acima de tudo, me seguir, confiando em mim!
(Ponsancini)
sinto-me: 
confiante mas, com medo
Quarta-feira, 27 de Junho de 2007

Quantas vezes o silêncio
É um turbilhão de palavras,
Que se atropelam, se empurram,
Se impedem de vir aos lábios...
Quando me vires em silêncio,
Olha-me nos olhos
E verás as marés
Que flúem dentro de mim.
Então, dá-me a tua mão
E ajuda-me a chegar à praia.
Gilberto
sinto-me:

Minha alma canta profundamente
Nas profundezas de seu habitar.
Demônios da sombra suscitam em mim
A necessidade a qual me grito, me dispo
Mar de luto, silêncio profundo.
O paraíso e o inferno uniram-se.
Onde se esconde o tesouro no fim do arco-íris?
Onde o mar toca a lua?
Onde se esconde um imortal e esta imortalidade?
As ninfas estão cantando...
Demônios das sombras banham minh' alma.
Caindo em gota de esgotamento
O corte, e vou para os jardins dos mortos.
Os instintos prevalecem, estuprando o inferno
De minha alma.
Desgastado
Bravo sol anuviando-se numa noite fria
E infinda, incapaz de virar o jogo.
Visões de ilusões se quebrando.
As brumas atravessam o paraíso e o fogo
Perecendo-me por uma falácia humana.
A ilusão é como um barco ideal
Perdido, afundando-se entre as linhas do tempo.
Mar de pétalas aveludadas de preto.
As ninfas estão me chamando.
Onde se esconde o tesouro no fim do arco-íris?
Onde está o chifre do unicórnio?
Onde está a bela donzela do lago?
O paraíso nunca tocou minha alma.
Os sonhos estão tão mortos.
Eu não me encontro no meu mundo.
Eu estou trabalhando com o tempo,
O dia e a noite.
Todos os sonhos foram
Todas as prímulas murcharam
O vento sopra para sempre na floresta noturna.
Silêncio notívago.
Mas o que acontece é que sou triste.
Davys Sousa
sinto-me: bem